29 de mai. de 2014

Game designer: O futuro agora

Squaroon
Aquaman está prestes a passar por grandes desafios em sua vida. Em breve, ele será banido para uma ilha deserta onde terá de enfrentar, sozinho, os mais diversos vilões para provar seus superpoderes. O responsável pela desgraça de Aquaman será o Super-Homem, que ao voltar de mais uma bem sucedida missão contra aqueles que querem destruir a humanidade, vai encontrar seu amigo-herói, numa boa, num bate-papo desenfreado com um peixinho-dourado.



Irritado com o pouco caso de Aquaman, Super-Homem convence seus companheiros da Liga da Justiça a mandar Aquaman para uma ilha deserta. De lá, ele só terá o direito de retornar ao panteão dos super-heróis, se vencer todos os obstáculos malignos que a ilha esconde. Monstros, armadilhas, ciladas prontas para destruí-lo. Conseguirá Aquaman sobreviver às forças do mal? E se conseguir, ele se vingará de Super-Homem? Ou ele o perdoará? O fim dessa história ainda é um enigma, mas já tem data para começar a ser descoberto. A partir de julho essa aventura será revelada.
Essa revelação, porém, não acontecerá nas telas de cinema, tampouco, nas páginas dos quadrinhos da DC Comics, criadores desses superpersonagens. O “mundo” entrará em contato com o destino de Aquaman, ou de um personagem muito similar a ele (por questão de direito autoral, os nomes Aquaman, Super-Homem, entre outros famosos personagens de histórias em quadrinho, não podem ser usados comercialmente sem prévia autorização), quando André Pundek Scapinelli e três de seus companheiros de faculdade, todos bem humanos, aliás, finalizarem o trabalho de conclusão de curso (TCC), em Game Designer, da Universidade Anhembi-Morumbi.
“Para nos formarmos, desenvolvemos um game. A história de um super-herói que cai em desgraça e precisa mostrar seus poderes foi o roteiro criado para guiar o desenvolvimento de nosso jogo eletrônico”, conta André. Criação essa em fase de finalização. Os monstros estão sendo desenhados e a programação de suas vidas está sendo concebida. Tudo isso no melhor modelo de trabalho de faculdade, à noite, na casa de André. A propósito, a parte da criação das forças do mal levará, pelo menos, três noites seguidas sem hora para acabar. “Um de meus amigos vem aqui para casa. Vamos entrar pela madrugada na concepção artística e animação de cada um dos personagens“, revela. As noites mal dormidas, ou quase completamente insones, não serão problema. “É um momento de muito prazer”, diz enfaticamente.
André é paulistano, tem 22 anos, e está na reta final de conclusão de sua graduação. Faz parte da geração que começa a dar corpo ao mercado de trabalho num dos setores profissionais de maior crescimento no mundo. Para se ter uma ideia da importância e dimensão dos jogos eletrônicos como negócio, tome-se o Brasil como exemplo. De acordo com pesquisas de empresas internacionais desse segmento, o país ocupa a quarta posição mundial em usuários de games. Somos 35 milhões de jogadores. Estamos atrás dos Estados Unidos (145 milhões), Rússia (38 milhões) e Alemanha (36 milhões). Em movimentação financeira, as cifras são bilionárias. Em 2012, foram movimentados R$ 5,3 bilhões. Crescimento de 32% em relação a 2011. Espera-se aumento nesses números quando os dados de 2013 estiverem consolidados.
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Por trás, ou melhor, na base de toda essa indústria estão os programadores, os artistas 3D e 2D. São centenas de jovem-adultos, como André, que optaram pela formação de desenvolvedor de jogos eletrônicos. Mas eles não estão sós nessa empreitada. Sem seus pais seria muito difícil conseguir um diploma na área. “As faculdades não são baratas. É quase impossível conciliar estudo com trabalho. Principalmente, trabalho na área”, relata André. Em seu caso, a participação de seus pais (Paolo e Regina) foi fundamental. “Eles pagam minha faculdade e me mantêm. Sem eles não conseguiria essa qualificação”, reconhece com ênfase.
No caso de André, os pais ainda tiveram de aceitar sua desistência do curso de Física e Astronomia, da Universidade de São Paulo (USP). Ou seja, ele desistiu de uma formação numa universidade pública, considerada a melhor do país, para se graduar numa instituição particular. “Falei para eles: é um investimento no meu futuro. O mercado de trabalho para game designers é mais promissor. Eles acreditaram no meu sonho e seguiram juntos comigo.”


Sonho esse que começa a esboçar seus próximos capítulos. André planeja a continuação de seus estudos fora do país, no Canadá, mais especificamente. “Lá, é grande o incentivo a programadores de jogos”, diz.

A viagem está sendo prevista para daqui a cinco anos; e ela acontecerá junto com sua namorada, Ana Cláudia, estudante de medicina. Ela quer se aperfeiçoar em sua profissão também nas pradarias do Hemisfério Norte. “Até essa viagem, tenho muito tempo para conhecer o mercado, trabalhar e ganhar experiência no Brasil.” Atualmente, São Paulo, Recife e Florianópolis são três das cidades brasileiras com boa oferta de vagas para game designers. Elas concentram várias empresas do segmento, em sua maioria de pequeno e médio porte; e, também, são referências em Tecnologia da Informação.
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André, bem humorado, lembra que não é preciso ser nerd para cursar game designer; e grande parte dos alunos, que começa o curso, desiste pelo caminho. “Éramos 80 quando comecei a universidade. Hoje, somos quatro”. Na opinião dele, isso acontece pelos custos da formação e pela dificuldade de se estudar programação. “É preciso conciliar pensamento abstrato, para imaginar vida aos elementos dos jogos; ter paciência para lidar com os erros e acertos do processo de concepção desses elementos; e, acima de tudo, manter a criatividade aguçada para cativar o usuário de seu jogo.” Sobretudo, para André, é necessário parar de jogar, constantemente. O que à primeira vista aparenta ser uma opinião contraditória, revela-se uma observação madura. “O trabalho é muito. Não sobra tempo para ficar jogando. Ou joga-se, ou se trabalha na programação de seu jogo”, resume.
Pois é, tendo isto em perspectiva, a rotina de André e seus companheiros de TCC, até julho, promete ser intensa. Entre outras atividades, estão a: definição dos personagens do jogo, elaboração do plano de negócios e de marketing, definição do nome mais comercial para ele, verificação das falhas técnicas da programação, estabelecimento de novas personalidades para seus super-heróis, sonorização, criação dos efeitos especiais, a lista de itens a fazer é vasta. “É muito trabalho, mas acreditamos que vai dar certo. Vamos conseguir comercializá-lo e ganhar dinheiro com ele. Sabemos das dificuldades, mas acreditamos na superação delas. Vamos conseguir”.


ARTIGO ORIGINAL: http://www.vagas.com.br/profissoes/carreiras/ti-e-engenharias/quando-o-sonho-de-criar-jogos-eletronicos-vira-realidade/#sthash.k5ygfU37.dpuf



por Udo Simons


Fotos de Rogério Montenegro
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